sexta-feira, 13 de julho de 2012

Fiona Apple, o disco novo e a internet

The Idler Wheel..., o novo disco de Fiona Apple, viu a luz do dia sete anos após o álbum anterior da cantora, Extraordinary Machine. Sete anos é um bocado de tempo. Mas é um bocado ainda maior quando se leva em conta a internet - ou melhor ainda, as redes sociais.
Digo isso porque quando Extraordinary Machine foi lançado, ainda não existia essa avalanche de meios pelos quais as pessoas podem se expressar na internet. Não havia Twitter, não havia Tumblr, o Facebook era um recém-nascido. Extraordinary Machine foi antecipado por sites de música e cultura, e comentado entre amigos. Mas antes do lançamento desse The Idler Wheel..., a diferença de expectativa em relação ao disco anterior foi um choque para mim. De repente Fiona estava por todo lado, sendo citada por mil perfis de Facebook, "tumbleada" a torto e a direito. Tempos modernos. Tempos que podem ser sufocantes, às vezes. Por isso resolvi esperar até adquirir meu CD original para ouvir a nova obra-prima-maravilha-coisa-incrível da cantora (palavras usadas por toda a internet para descrever o disco).

E fico feliz - e aliviado - ao perceber que a internet não estava errada.

As inúmeras entrevistas que a cantora deu, as declarações bizarras, os mínimos detalhes compartilhados por ela em reportagens e matérias: tudo isso é realmente interessante, mas não seria nada se The Idler Wheel... não fosse um disco fascinante. E é. É uma obra que desafia as definições. É simples e sofisticado, singelo e nervoso. É menos elaborado musicalmente que seus discos anteriores, mas nunca soa como "um passo atrás". As baterias são quase que experimentos; poderiam ter saído de um disco da Björk. Nas mãos de produtores/artistas mais ambiciosos e menos confiantes, essas canções seriam esqueletos de canções. Para a atual Fiona, no entanto, basta uma bateria ritmada e algumas notas de piano: o resultado é devastador. Pegue "Regret", por exemplo, talvez o exemplo mais assustador da fúria da moça. Não falo apenas do verso sobre "mijo quente que sai da sua boca toda vez que você se dirige a mim". É cada nota de piano, apenas uma a cada dois ou três segundos, cada uma soando como o perigo chegando mais perto. Isso sem falar no brilhante jogo de palavras que ela endereça a um ex-namorado. "Você já era um expert em arrependimentos, mas eu não - ainda não".

De certa forma a produção de The Idler Wheel... é quase anti-Jon Brion, o responsável pelas obras-primas cheias de floreios presentes em When The Pawn..., de 1999. Mas Fiona de vez em quando olha para seu próprio passado musical. "Werewolf" é a irmã mais velha de "Love Ridden", também de 1999. Se no passado, porém, Fiona cantava somente a tristeza de não se poder ter mais um amor, aqui ela assume metade da culpa: "Eu poderia te associar a um tubarão pela maneira que você arrancou minha cabeça, mas eu estava acenando com uma ferida aberta". E então surge uma lição de serenidade, Fiona Apple style: "Podemos suportar um ao outro. Basta evitarmos um ao outro".

O maior atrativo de The Idler Wheel... talvez seja o modo como ele surpreende o ouvinte. "Valentine" começa e você ouve uma baladinha ok, triste, bonita, mas sem novidades musicais. Mas então chega o refrão e o ritmo muda - e quando Fiona canta "I root for you, I love you", em vez de soar fofa a cantora dobra de tamanho e fica assustadora. "You you you you": é uma declaração de amor ou de ódio? O mesmo vale para "Jonathan", a primeira canção de sua carreira com um nome incluso. Desde as primeiras notas de piano, o clima não é necessariamente pacífico. "Apenas tolere meu pequeno pulso contra seu peito de floresta". Eis o amor, pelos olhos de Fiona.

The Idler Wheel... encerra com "Hot Knife", talvez a canção que mais explicite a relação de Fiona com o jazz. Cantando num estilo que lembra "Too Darn Hot", de Cole Porter, a cantora é acompanhada a princípio somente por tambores que podem tanto ser de adoração ao deus da chuva quanto o anúncio da entrada de gladiadores na arena. Numa associação tão genial quanto simples - "Se eu sou manteiga, ele é uma faca quente" - Fiona mostra que continua numa esquina só sua, idiossincrática e fascinante. "Hot Knife" é um encerramento surpreendentemente sexual para um disco cheio de melancolia. É Fiona sendo Fiona: imprevisível.

domingo, 25 de março de 2012

Jogos Vorazes (The Hunger Games)



Quem me conhece sabe do meu apreço pelos livros da série Jogos Vorazes. Devorei os três no ano passado, quando eles ainda eram bem pouco falados no Brasil - e ao mesmo tempo ia tentando convencer todo mundo que conheço a lê-los também. O desafio maior era fazer com que as pessoas acreditassem que, ao contrário da publicidade idiota, os livros de Suzanne Collins não têm nada a ver com as bobagens vampirescas e lobisomísticas de Crepúsculo. Caramba, é um livro onde duas dúzias de adolescentes se matam de todas as formas possíveis!

Eu estava (literalmente) contando os dias para a estréia do filme. Dia 23 de março, dia 23 de março: a data estava marcada na minha cabeça. Quando o dia chegou, passei a manhã num estado de excitação que beirava a histeria. Foi o mais perto que já cheguei do frenesi adolescente por filmes baseados em séries de livros de sucesso. Mas grande parte da minha ansiedade era porque tudo indicava que o diretor Gary Ross parecia que tinha feito tudo certo: chamou Suzanne Collins para ajudar no roteiro. Escalou um elenco impecável, desde a protagonista Jennifer Lawrence até Donald Sutherland num papel bem pequeno nesta primeira parte da trilogia. O trailer me deixava marejado de emoção, só de ver aquele universo na tela.

Dizem que certeza absoluta não existe, mas digamos então que eu tinha 99% de certeza que Jogos Vorazes seria um filme incrível (ainda mais quando a crítica em peso adorou). Toda a minha expectativa e ansiedade foram justificadas: o diretor fez um filmão. Essa confiança antecipada no trabalho de Gary Ross me ajudou, pois foi fácil perdoar alguns pequenos deslizes. É muito pouco pra reclamar perto de tanta coisa sensacional.



A cena da foto acima é exemplar. Katniss (Jennifer Lawrence) acabou de ser a escolhida para participar dos Jogos Vorazes - onde 24 adolescentes começam e apenas um termina vivo. Nas mãos de um diretor menos respeitoso, e inteligente, a cena seria acompanhada de uma música dramática, querendo acentuar a tensão e a tristeza da situação. Mas Gary Ross filma tudo num silêncio acachapante. É muito mais devastador dessa forma: quando o nome de Katniss é anunciado, não é preciso nenhuma música para que a gente sinta o peso que cai sobre os ombros da garota. Junte essa escolha ao cenário fabuloso - que lembra uma cerimônia nazista - e o resultado é uma sequência memorável.

E o diretor surpreende ainda mais com as sequências na Capital, a terra do luxo, da riqueza e do desbunde. Ross tem um olho sensacional para o espetáculo. A câmera captura todo o absurdo de uma cidade que comemora loucamente o início de uma chacina. Os figurinos, incríveis/ridículos como no livro, trazem à mente as viagens de Laranja Mecânica. Os painéis que exibem os tributos (os adolescentes escolhidos) são um achado, acentuando a noção de "esporte" que a Capital dá aos Jogos. E quando os painéis multiplicam a imagem do apresentador Caesar Flickerman (Stanley Tucci numa atuação cativante, dinâmica e diabólica ao mesmo tempo), o efeito é perturbador: estamos diante de um American Idol do inferno.

O elenco secundário por si só renderia dez parágrafos. Merece destaque Elizabeth Banks, impecável na sua doce futilidade com os luxos da capital - sua Effie Trinket realmente nem arranha a profundidade que os Jogos possuem, mas ainda assim ela é adorável e cômica. E Donald Sutherland também merece mil elogios. O ator veterano é sábio o suficiente para não encher o presidente Snow (o grande vilão da trilogia) de caretas malvadas e olhares venenosos. Nesse primeiro filme, Sutherland interpreta Snow quase como um filósofo - e assim dá uma profundidade assustadora ao personagem.

Várias pessoas reclamaram do fato de as mortes no filme não serem tão perturbadoras/explícitas como no livro (só assim para o filme conseguir censura 13 anos nos Estados Unidos). Entendo o lado delas, mas não vou reclamar. E nem poderia, após a morte de um tributo dos mais queridos. Assim como no livro, é uma cena devastadora. E a reação que essa morte provoca me deixou em prantos. É a melhor cena do filme. Quando duas palavras apareceram na tela, descrevendo um local, provocaram em mim uma sensação que só o cinema consegue. É por momentos assim que eu amo ir ao cinema. Eu posso estar exagerando, mas eu sempre fui fã dos superlativos: com Jogos Vorazes, nasce um clássico.

quarta-feira, 21 de março de 2012

Shame



Tanta coisa já foi dita sobre o sexo e a nudez de Shame, e não tem como escapar de falar mais um pouco disso: sim, Michael Fassbender aparece nu várias vezes. Sim, ele é bem dotado, como disse Charlize Theron. Carey Mulligan também aparece como veio ao mundo. E as cenas de sexo são o oposto de excitantes: são clínicas, frias, longas e sem erotismo. Mas essa é a intenção. Se as cenas passam alguma coisa, é tristeza.

Não poderia ser diferente com Brandon (Michael Fassbender, incrível), um viciado em sexo. E como todo viciado, a palavra "prazer" não é a mais adequada para descrever o que ele sente. Ele transa (e se masturba frequentemente) para suprir uma necessidade incontrolável. E suas transas são totalmente desprovidas de sentimento. O seu apartamento, meticuloso e impecável como o de Patrick Bateman (o "psicopata americano" em si), é um reflexo perfeito do dono: lindo, arrumado, bem-cuidado, e com zero de calor.



É nesse contexto que surge a irmã de Brandon, a cantora Sissy (Carey Mulligan). Sissy é o oposto de Brandon, completamente necessitada de amor e carinho. A relação entre os dois é complicada e tensa. Em uma cena incrível, Brandon assiste Sissy cantar uma versão bastante lenta de "New York, New York". Brandon tenta parecer estóico, mas lágrimas rolam do seu rosto. Quando sua irmã se senta à mesa, ele disfarça, não deixando que ela veja a emoção dentro dele. Brandon é um enigma, e somente Sissy parecer conseguir penetrar um pouco a sua couraça impecável.

E o filme não responde nada. Há algo de incestuoso entre os dois? O que aconteceu no passado deles? O que significa o olhar de Brandon na última cena? O espectador é que responde tudo. Ou não - algumas pessoas saíram da sessão antes de o filme acabar. Eu, quando saí do cinema, não consegui deixar de me sentir desconfortável. E triste.

domingo, 4 de março de 2012

Drive



Drive é todo "style over substance", como dizem nos Estados Unidos. A substância, por assim dizer, já foi vista e contada em inúmeros filmes anteriores. Mas o estilo é tanto, e tão impactante, que valeria por dez filmes. A atmosfera do filme é tão "cool" que o espectador sai do cinema (que é onde o filme deve ser visto) encharcado de "coolness". A atmosfera do filme transborda da tela e inunda o espectador. Ele pode até sair andando de modo mais misterioso, quem sabe, como o personagem de Ryan Gosling.

O filme do diretor Nicolas Winding Refn é perfeito para a geração contemporânea, de Tumblr e Facebook: praticamente toda cena pode virar um GIF incrível, ou uma foto que vai render comentários elogiosos nas redes sociais. Drive, surpreendentemente, é o filme que melhor captura o zeitgeist atual. E isso é um mérito fantástico.

O elenco principal, escolhido a dedo, inclui um par de atores jovens lindos e competentíssimos, e que passam longe da atmosfera celebridades + paparazzis + festas: Gosling e Carey Mulligan. Temos dois coadjuvantes oriundos das séries de TV mais elogiadas do momento: Bryan Cranston (de Breaking Bad) e Christina Hendricks (de Mad Men). E temos Albert Brooks, que no melhor estilo Tarantino se desfaz de sua persona mais conhecida (no caso dele, a de comediante) e realiza um trabalho surpreendente. Sábias escolhas do diretor - que tinha consciência da necessidade de atores igualmente talentosos e carismáticos, cujo trabalho seria preencher personagens tão pouco aprofundados que podem, cada um, ser resumidos em poucas palavras: dublê taciturno de cenas de perseguição. Mãe bondosa cujo marido está preso (há uma expressão ainda melhor em inglês: damsel in distress). E por aí vai.



O talento do diretor Refn é inegável, em inúmeros aspectos. O som é um deles: poucas vezes no cinema recente o silêncio - e a trilha sonora - foram utilizados de forma tão eficiente. As cenas de tensão são construídas da forma como deveriam ser sempre: aos poucos, de forma lenta, até explodir numa violência explicitíssima que acaba parecendo plenamente justificada. Trememos com a fúria do filme.

É fácil entender por que Drive tornou-se tão adorado na internet. É perfeito, nesse sentido. Coitado do internauta que não gostar do filme! Corre o risco de, ao menos por um tempo, tornar-se um pária nas redes sociais.

Costumo dizer que há filmes que eu amo e filmes que eu admiro. Drive é um filme para ser admirado? Sem dúvida alguma. É um filme para ser amado? Honestamente, não sei. Preciso ver de novo, depois que a poeira (e o hype) baixarem. Às vezes a bagagem que acompanha um filme é tão grande que é preciso um tempo, uma distância, para que o filme fale por si só. Drive é assim.

quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

O Artista (The Artist)



O Artista não é essa maravilha toda que estão dizendo por aí. Não falo isso só pra criar polêmica ou ser do contra. Fui ao cinema querendo amar o filme, e já amando a ideia de um filme mudo ser o favorito ao Oscar em pleno 2012. Ainda acho uma ideia sensacional. Pena que o roteiro de O Artista não tenha muita coisa a dizer.

O filme fala sobre um astro do cinema mudo que acaba trombando (literalmente) com uma fã afoita. A fã demonstra ter todos os requisitos para ser uma estrela - talento, beleza, carisma - e acaba mesmo virando uma estrela. No entanto, com o advento do cinema falado, a carreira dela sobe loucamente enquanto a dele chega ao fundo do poço. Basicamente, o filme é isso.

É um fiapo de história. O filme teria que ser cheio de charme (uma coisa Guilherme Arantes) para realmente ser sensacional. Infelizmente, o charme está quase todo concentrado na primeira parte, onde os dois artistas protagonizam cenas maravilhosas - como o baile de pernas. A partir da decadência do astro, o filme perde fôlego.



E se é para falar das dificuldades enfrentadas pelos astros do cinema mudo nesse momento da história, dois outros filmes falaram do assunto de modo muito melhor - Crepúsculo dos Deuses e Cantando na Chuva. Ok, provavelmente é injusto comparar um filme mudo com duas obras que utilizam diálogos/canções de forma fenomenal. Mas, para mim, O Artista ficou parecendo mais um experimento do que um grande filme. É um filme mudo feito para espectadores que nunca assistiram um filme mudo. Quase não há ousadias estéticas, o que é um pecado.

Mas é até estranho falar mal de um filme tão doce. Jean Dujardin e Bérénice Bejo estão espetaculares. E tem UGGIE! Uggie é o cachorro, e ele dispensa comentários. A trilha é ótima, fotografia idem. Mas melhor filme do ano? De forma alguma. Como diz um amigo meu, O Artista é fofolete ponto.

quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

Histórias Cruzadas (The Help)



Histórias Cruzadas é um filme cheio de problemas. O principal deles é a forçação de barra para fazer o espectador chorar em alguns momentos. Não tenho nada contra um bom melodrama, mas desde que a manipulação seja bem-feita (e isso pode acontecer tanto num filme super americano como Tomates Verdes Fritos quanto em Dançando no Escuro de Lars von Trier). Mas aqui, a coisa é feia em alguns momentos. O diretor Tate Taylor utiliza em dois momentos o recurso de "personagem-cheio-de-inocência-contra-uma-superfície-de-vidro", o olhar desamparado, as mãos naquela clássica pose de Titanic.

O outro grande problema do filme, na minha opinião, é a caracterização da vilã Hilly (Bryce Dallas Howard). Hilly é a racista-mor da cidade de Jackson, mas o filme exagera tanto na vilania dela que a deixa parecendo personagem de desenho animado. Ela é pior que Gargamel, Esqueleto e Diabolim juntos. É unidimensional até a medula, sem um pingo de complexidade. O filme chega ao ponto completamente infantil de colocar uma ferida na boca dela para explicitar a "decadência" da personagem (como se uma dona de casa rígida como Hilly se fosse permitir sair assim!)
A coitada da Bryce não tem muito o que fazer. Em uma cena, no entanto, ela consegue criar mágica com o material raso: no último confronto com Viola Davis, os olhos de Bryce simplesmente se apagam. Ficam opacos, como se já não houvesse vida na personagem. É um momento louvável.



Mas este também é um filme cheio de coisas boas, como figurinos lindos, fotografia, e algumas cenas realmente cômicas. Mas é o elenco que joga a obra lá no alto, provocando momentos que grudam na memória. Se a adorável Emma Stone não tem muito o que fazer - ela é o espectador, e em boa parte do tempo apenas assiste ou reage aos acontecimentos -, o trio de mulheres indicadas ao Oscar é mesmo um assombro.

Octavia Spencer comanda a ação com seus olhos esbugalhados e lábios retos, quase sempre num muxoxo de pouco caso. É meio que o alívio cômico da história, mas acreditamos nela nos momentos dramáticos também. A maior parte do drama, no entanto, está mesmo nas mãos (e olhos, e todo o resto) mais que capazes de Viola Davis. A atriz enche sua Aibileen de calor. Quando ela precisa ficar impassível, em frente aos patrões, ela é impecável. Por pequenos detalhes sabemos o que ela pensa. E quando ela tem a chance de falar, sai de baixo. Deus me livre se o Oscar não for de Viola.

Mas confesso que meu coração foi arrebatado pela mais que adorável Celia, interpretada por Jessica Chastain. Celia é toda boa vontade e toda otimismo, sempre querendo fazer o bem, mesmo que às vezes não saiba como. Muito provavelmente uma mulher como ela simplesmente não existiria na época em que o filme se passa. Mas essa é uma obra de ficção, e Jessica faz de Celia a personagem mais adorável do cinema desde Amy Adams em Retratos de Família. Em determinado momento, Aibileen diz: "Devemos perdoar nossos inimigos". Celia vai além: ela simplesmente não consegue ver inimigos. Utópica, claro, mas nem por isso menos incrível.

terça-feira, 10 de janeiro de 2012

Os melhores filmes de 2011


20 >> Bellflower
É difícil resumir a história de Bellflower. Dois amigos apaixonados por Mad Max, carros e explosões. Uma mulher. Um relacionamento. O fim do relacionamento. O desespero que se segue. Seria um filme convencional, não fossem os elementos que citei no início: carros. Explosões. O diretor/roteirista/ator/muy hermoso Evan Glodell transforma as metáforas do fim de um namoro em imagens reais. Fúria, decepção, traição e desespero viram crimes, sangue, tragédias apocalípticas. É fascinante, mas também emocionante - porque toda a primeira parte, dedicada ao romance, é cativante. Seria Bellflower um romance sobre o fim do mundo? Um suspense apocalíptico? Só por essa dificuldade em enquadrar o filme, dá pra ver que estamos diante de um dos filmes mais originais do ano. Impossível ficar indiferente.


19 >> Submarino
Thomas Vinterberg nunca fugiu da tristeza em seus filmes. Basta lembrar de todos os acontecimentos chocantes de Festa de Família, ou o casal em fuga de Dogma do Amor. Mas em Submarino a tristeza é grave, solene, melancólica. Os irmãos protagonistas vivenciam uma tragédia ainda bem pequenos; essa tragédia vai influenciar o resto de suas vidas. Vinterberg mostra as vidas dos irmãos primeiro de forma separada, depois unida. E se o diretor apresenta momentos consideráveis de apatia, depressão e até felicidade aqui e ali, quando a violência surge ela é realmente chocante. Pode até ser que no fim das contas a história não conte nada de novo, mas o impacto é profundo. E, naqueles últimos momentos, com um pequeno flashback, Submarino me deixou completamente arrasado.


18 >> Missão: Impossível - Protocolo Fantasma (Mission: Impossible - Ghost Protocol)
O ano estava quase acabando quando estreou este novo Missão Impossível. Essa é uma série que nunca convenceu muito, né? Pois deixe para Brad Bird, diretor de Ratatouille e Os Incríveis, fazer o que nem Brian dePalma conseguiu: criar um Missão Impossível fenomenal. O histórico do diretor com a animação é evidente, e de fazer pular na cadeira de alegria: algumas cenas de ação poderiam estar num desenho do Pernalonga; e o coitado do Tom Cruise toma tanta pancada na cabeça que me lembrou o Coiote Coió. Mas não é só isso: essa é a equipe mais azeitada de toda a série: além de Cruise, Simon Pegg, Paula Patton e Jeremy Renner estão excelentes. A ação é fantástica. As parafernálias da equipe são de babar. E o filme é realmente engraçado. Em resumo, é o pacote completo. Presentão de ano novo!


17 >> O Futuro (The Future)
Ah, Miranda July. Você é tão original, tão simpática, tão inteligente. Por que tantas pessoas te odeiam? Será porque você colocou um gato pra narrar seu filme? Será porque você enche sua obra de pequenos toques peculiares, mas que são considerados irritantes por parte dos espectadores? Enfim. Fico feliz por te amar. Tudo bem que O Futuro não é a obra-prima que é Eu, Você e Todos Nós, o filme anterior de July, mas a diretora novamente criou uma obra muito específica. Tchau, otimismo e fé no amor; oi, desilusão. Ao decidirem tirar um mês pra fazer o que sempre tiveram vontade, os protagonistas Sophie e Jason mostram que, infelizmente, a vida não é simples assim. E que a auto-sabotagem é quase inerente ao ser humano. E que um gato pode ser um dos personagens mais tristes do ano. E que, amando ou odiando, Miranda July é realmente única.


16 >> Meia-Noite em Paris (Midnight in Paris)
Lembro que, quando Meia-Noite em Paris estreou, algumas pessoas acusaram o filme de ser "menor", "bobo", uma comédia leve e ponto. Queria que essas pessoas me mostrassem quantos outros filmes conseguem o efeito que Woody Allen conseguiu, ao menos na sessão em que eu estava: uma plateia inteira feliz e alegre ao final da sessão. Faltaram somente as palmas. E isso com muito estofo, pois quem diz que Meia-Noite em Paris é vazio não entendeu nada. O filme é Woody Allen dizendo a todo mundo: aproveitem o presente. O passado pode ser legal e lindo, mas já foi. Não dá pra viver nele. Onde estamos agora é o que importa. E chega dessa história de comeback de Woody; ele nunca se foi. E, quem diria, foi em Owen Wilson que o diretor encontrou seu melhor alter-ego dos últimos tempos.


15 >> Contra o Tempo (Source Code)
Dá pra dizer que 2011 foi o ano da "ficção do amor"? Pelo menos dois filmes nessa lista podem ser classificados assim. Contra o Tempo tem uma ideiazinha muito da bacana e não comete o pecado de esticar muito sua história. É somente uma hora e meia de tensão, romance e tristeza, não necessariamente nessa ordem. O diretor Duncan Jones e o escritor Ben Ripley pegam uma premissa pertinente a todos - E se você pudesse reviver algum momento do passado, o que mudaria? - e exploram vários sentimentos que vêm atrelados a essa ideia. O protagonista Colter Stevens tem que impedir uma bomba de ser detonada, mas ele também vivencia arrependimento, frustração, alegria. Até concordo com quem diz que o filme poderia terminar 5 minutos antes, mas na verdade não importa. Aquela cena em que o tempo para - e a felicidade fica eterna - segue sendo um daqueles momentos mágicos que só o cinema pode oferecer.


14 >> Rango
O filme já começa bem antes mesmo de ser visto: não foi feito em 3D. Viva! Essa é apenas a primeira prova de que o diretor Gore Verbinski, famoso pelos Piratas do Caribe, não quis trilhar nenhum caminho fácil na sua primeira animação. E não trilhou mesmo! Rango é um faroeste, talvez o gênero mais divisivo de todos. Além disso, os personagens são lagartos, ratos, cobras e afins - e eles não são fofinhos. Esse é, aliás, o aspecto mais impressionante de Rango: o esmero no desenho dos personagens é fascinante. Cada escama, cada pêlo, é tudo incrível. Não é só a melhor animação de 2011; é também a animação de visual mais impressionante em um bom tempo (mais até que Toy Story 3). Como se não bastasse, a história em si - um híbrido de Chinatown e Era Uma Vez no Oeste - é de deixar qualquer cinéfilo apaixonado.


13 >> Bravura Indômita (True Grit)
E olha aí o melhor faroeste do ano - tão bom que conquistou muita gente que não curte o gênero. E estamos falando de um faroeste clássico, mas sob o prisma bem peculiar dos irmãos Coen. Não vi o original com John Wayne, mas duvido muito que tenha tantos personagens carismáticos como esta refilmagem. Até o vilão é "gostável"! O elenco está todo em estado de graça; é até difícil escolher um destaque entre Jeff Bridges, Matt Damon e Josh Brolin. Mas a alma e o coração do filme residem mesmo na novata Hailee Steinfeld, brilhante na sua resolução de vingança. Hailee nunca se faz de fofa; sua Mattie é uma alma adulta no meio de um monte de adultos com poucos escrúpulos. Os irmãos Coen não se esquecem do humor negro característico de suas obras, mas aqui ele surge de forma esparsa. O que importa é a justiça. E assim eles realizam seu melhor filme desde Onde os Fracos Não Têm Vez.


12 >> Hanna
O fato de Hanna ter saído direto em DVD no Brasil é um pecado. O filme é uma maravilha de audiovisual: cenários inusitados e fascinantes, uma câmera que não para quieta nos momentos mais agitados, e uma trilha sonora inspirada a cargo da dupla Chemical Brothers. E quem está por trás dessa jovialidade toda? Joe Wright, o responsável pelos inglesíssimos Orgulho e Preconceito e Desejo e Reparação. Após o tolo O Solista, Joe precisava mesmo mostrar que consegue dirigir uma história contemporânea. E não é que o diretor sambou na cara de todo mundo que duvidava dele? Um híbrido dos filmes de Jason Bourne com Kill Bill, Hanna tem ação, comédia e drama, e um elenco de dar inveja. Olivia Williams, Jessica Barden, Tom Hollander, Eric Bana e a musa Cate Blanchett parecem se divertir a rodo. Mas é mesmo Saoirse Ronan, no papel-título, que mostra mais uma vez porque é a atriz "mirim" mais versátil em atividade. Tem algo que ela não consiga fazer?


11 >> A Pele que Habito (La Piel que Habito)
Tenho uma relação estranha com Almodóvar. Não consigo gostar de Fale com Ela, um dos filmes mais celebrados do diretor; dos mais recentes, o único que acho empolgante é Volver. Pra mim o auge do espanhol aconteceu há muito tempo. Mas então Pedrito resolve flertar com o terror e lança essa maravilha chamada A Pele que Habito. O filme une o melhor das duas fases do diretor: é elegante, adulto e sóbrio como suas obras mais recentes; mas também tem boas doses de escracho e alguns temas presentes nos seus primeiros filmes. A Pele que Habito vai e volta no tempo e nunca deixa a peteca cair - pelo contrário. Tudo vai ficando mais intrigante e ousado, resultando no que a revista inglesa Empire definiu muito bem: "the year's classiest horror movie". E no último momento, no último mesmo, o diretor dá a um personagem o grito de liberdade mais emocionante do ano.


10 >> Agentes do Destino (The Adjustment Bureau)
Olha aí a outra "ficção do amor" a aparecer nesta lista. Já digo de cara: nenhum casal em 2011 foi mais carismático, ou teve mais química, do que Matt Damon e Emily Blunt. O primeiro encontro dos dois, no banheiro masculino, merece entrar em qualquer antologia do romance no cinema. É um daqueles casais que faz a plateia torcer verdadeiramente para que fiquem juntos, mesmo que para isso seja preciso desafiar todo o futuro. E Agentes do Destino apresenta uma questão pertinente a todo mundo: você abdicaria do amor da sua vida se soubesse que, separados, vocês realizariam todos seus desejos profissionais? E se o futuro indicasse que esse grande amor traria mais alegrias ao mundo se não estivesse ao seu lado? Agentes do Destino comove e provoca tensão enquanto escolhe uma resposta para essa pergunta difícil.


09 >> Sobrenatural (Insidious)
Outra coisa pra dizer de cara: sim, eu sei que a parte final de Sobrenatural não está no mesmo nível que o resto do filme. Poderia ser muito mais tenso. Mas poxa, francamente: o que veio antes é o que importa! E o que vem antes é disparado o filme mais assustador de 2011. A partir de uma ideia totalmente genérica, James Wan e Leigh Whannell exibem novamente o talento à mostra no primeiro Jogos Mortais e provocam alguns dos maiores sustos que tomei na minha vida. Uma das melhores diversões cinematográficas do ano foi relembrar com amigos os momentos mais impactantes: o vulto dançando dentro de casa; o ser dentro do quarto do bebê; o flashback em preto-e-branco; e, é claro, AQUELA cena que nem o trailer conseguiu estragar. Sobrenatural rendeu nos EUA mais de 30 vezes o que custou; com certeza é o sucesso mais merecido do ano.


08 >> Reencontrando a Felicidade (Rabbit Hole)
Um dos meus sub-sub-sub-gêneros favoritos é filme-com-famílias-se-desintegrando. Entre Quatro Paredes, Tempestade de Gelo, Pecados Íntimos, todos eles estão entre meus filmes preferidos. Reencontrando a Felicidade é mais um filme a abordar um casal lidando com a perda trágica de um filho. E o que torna o filme especial? A honestidade, principalmente. Ao mesmo tempo em que (é claro) nos comovemos com o casal Nicole Kidman e Aaron Eckhart, o filme não foge de diálogos cortantes e amargos. A Becca de Nicole não aceita ser uma mãe que sofre silenciosamente. Ela atira farpas e rojões até mesmo pra mãe, que também tem um histórico de perdas. E ainda assim o filme não deixa o espectador soterrado sob o peso de uma tonelada de depressão. "Somewhere out there I'm having a good time", diz Becca. É essa improvável mistura de tristeza e esperança que Reencontrando a Felicidade alcança.


07 >> Missão Madrinha de Casamento (Bridesmaids)
Não existe gênero mais difícil do que comédia. Cada pessoa ri de uma coisa diferente, e mais de uma vez já me vi numa sessão em que todo mundo gargalhava, menos eu (exemplo? Se Beber Não Case). Então imaginem o meu alívio, e minha alegria, quando comecei a rir alucinadamente nesse Bridesmaids (o título original é mais curto), e não parei nem com os créditos finais. Mesmo a cena que me dava medo por antecipação - a que envolve fluidos corporais - é tão insana que não resisti. Kristen Wiig, estrela e roteirista, é uma verdadeira instituição da comédia: a cena em que ela é obrigada a engolir uma amêndoa deveria passar no Oscar. Mas o filme não seria tão bom se ela não estivesse rodeada de coadjuvantes igualmente sensacionais, passando por Rose Byrne (em sua segunda aparição nessa lista e na melhor atuação de sua carreira) e pelo fofíssimo Chris O'Dowd. Bridesmaids foi direto pra minha lista de filmes mais engraçados que já vi.


06 >> Incêndios (Incendies)
Aqui está: the feel bad movie of the year. Sabe a tonelada de depressão citada em Reencontrando a Felicidade? É arremessada na cabeça de todo mundo que assiste Incêndios. Trafegando entre o Canadá e o Oriente Médio, o diretor Denis Villeneuve não perdoa o espectador e faz sua protagonista Nawal sofrer como se estivesse num filme do Lars von Trier. Mas aqui não há alegoria alguma, nem crítica aos EUA: é tudo real, na lata. O casal de irmãos que deseja entender os últimos desejos da mãe, morta recentemente, acaba descobrindo uma vida tristíssima de que nem suspeitavam. No papel principal, Lubna Azabal é um pilar de estoicismo - o seu olhar à beira de uma piscina, quando ela descobre uma revelação chocante, é um dos grandes momentos do cinema em 2011. Impossível ficar indiferente a Incêndios.


05 >> Melancolia (Melancholia)
Olha o homem aí. Existe diretor em atividade atualmente que pareça odiar mais a humanidade que Lars von Trier? Não há filme em que o diretor não despeje suas opiniões deprimentes sobre o ser humano. Pois eis que neste Melancolia, o filme que ele fez durante uma depressão, o diretor pela primeira vez demonstre certa simpatia pela humanidade. Claro, ele faz isso do modo mais "vontrierzístico" possível: destruindo a Terra. Mas é justamente ao retratar o fim do mundo que o dinamarquês parece querer abraçar seus personagens. A Justine de Kirsten Dunst, que começa o filme luminosa, chega à metade arrasada e vai ficando cada vez mais serena à medida que o planeta Melancolia se aproxima. Kirsten, aliás, é dona de uma interpretação magnífica em suas sutilezas. O resultado disso tudo é desconcertante e hipnótico - tanto que foi um dos únicos dois filmes em 2011 que vi duas vezes no cinema.


04 >> Planeta dos Macacos - A Origem (Rise of the Planet of the Apes)
Quando este Planeta dos Macacos foi chegando ao clímax - um confronto entre macacos e humanos num dos cartões-postais mais famosos de San Francisco -, lembro de ter pensado: "cinema foi feito pra isso". Porque sensações como as que esse filme provoca só podem ser fornecidas pelos melhores filmes de aventura: níveis estratosféricos de tensão, comoção e maravilhamento. E chamar essa obra-prima de "filme de aventura" é muito pouco: a saga do macaco Caesar é tão incrível que fica difícil escrever sobre ela. Após o desastroso filme de Tim Burton, tudo que o mundo não precisava era mais um filme sobre os macacos. Mas num ano recheado de Thor, Capitão América, X-Men e outros super-heróis, Caesar botou todos no bolso fácil. E Andy Serkis acrescentou mais um personagem à sua galeria de criações impressionantes, como Gollum e King Kong.


03 >> Toda Forma de Amor (Beginners)
Toda Forma de Amor tem vários "truquezinhos" (por assim dizer) bem típicos dos filmes independentes norte-americanos; começa, por exemplo, com uma série de imagens silenciosas retratando uma casa vazia. Mas antes que a gente possa pensar, "Ih, já vi isso antes", o diretor e roteirista Mike Mills já conquistou toda e qualquer pessoa com um mínimo de sensibilidade. Ele conta com um Christopher Plummer em estado de graça, no papel do viúvo que assume para o filho ser gay; Ewan McGregor, no papel do filho, está melhor do que nunca; Mélanie Laurent é adorável como o interesse amoroso de Ewan. E tem Arthur, o cachorro que basta aparecer na tela para me fazer abrir um sorriso de doer as bochechas. Toda Forma de Amor não tem ambição quase nenhuma. Mas tem tanto amor pelos seus personagens e por sua história que se torna o filme mais amoroso do ano. Ao final, meu coração estava com o triplo do tamanho.


02 >> Cisne Negro (Black Swan)
Em matéria de comoção não tem pra ninguém: Cisne Negro é *O* filme de 2011. Nenhuma outra obra foi tão vista, tão comentada, tão admirada. E todo o reconhecimento é merecido. Em seu quinto filme, Darren Aronofsky mistura elementos de obras anteriores - a edição frenética e os efeitos sonoros de Réquiem para um Sonho; a câmera na mão de O Lutador - e o resultado é verdadeiramente único. A trajetória da obcecada Nina é um pesadelo em tons de rosa, preto e branco; em determinados momentos a coisa toda é tão absurda que dá vontade de gargalhar de nervosismo. Pode-se dizer que Cisne Negro é um melodrama de suspense com toques de terror. E tem uma meia hora final absolutamente inesquecível. A transformação de Nina no Cisne Negro é mesmerizante, brilhante, e mais outros 20 adjetivos. Se eu tivesse mais desprendimento teria levantado e aplaudido ao final da sessão. Vontade não faltou.


01 >> Não Me Abandone Jamais (Never Let Me Go)
Filmes baseados em livros sempre são algo complicado. Deve-se ler o livro antes, ou ver o filme antes? Se eu ler antes, não são maiores as chances de ficar decepcionado? Eu acredito nisso. Prefiro ver o filme primeiro. Mas no caso de Não me Abandone Jamais isso não foi possível - já li o livro há alguns anos (e depois reli, e reli). É um dos meus livros favoritos de todos os tempos. Dá pra imaginar minha ansiedade com essa adaptação cinematográfica. Pois Mark Romanek e Alex Garland, diretor e roteirista, conseguiram. É tudo tão bem feito e escolhido que é um assombro: desde a fotografia, toda em tons desmaiados, sem nenhuma cor forte, até o trio principal absolutamente perfeito (os papéis parecem ter sido moldados para Carey Mulligan, Andrew Garfield e Keira Knightley). O filme consegue capturar a absurda tristeza da história, que lida com uma das questões mais desoladoras que consigo pensar: a de que o ser humano tem um destino imutável. De que nada do que você fizer fará seu futuro ser diferente. Se eu paro pra pensar nisso, Não me Abandone Jamais se torna o filme mais triste que já vi.




Listas anteriores:
Os melhores filmes de 2010

Os melhores filmes de 2009

Os melhores filmes de 2008