quarta-feira, 16 de novembro de 2011

Toda Forma de Amor (Beginners)



A premissa de Toda Forma de Amor é simples e inusitada: Oliver acaba de perder o pai, vítima de câncer. Logo após a morte da mulher, cinco anos antes, Hal assumira a homossexualidade para o filho. Ao mesmo tempo em que Oliver conhece a charmosa atriz Anna, ele rememora momentos desses últimos cinco anos ao lado do pai.

É uma história simples porém complexa, como diz um amigo meu. Um filme mais convencional teria vários momentos de confronto entre pai e filho; filho acusando o pai de enganar a mãe; pai tentando reconquistar o amor do filho; charmosa atriz chocada com a revelação do sogrão. Mas Toda Forma de Amor (até curto essa tradução, mas somente por causa da referência a Lulu Santos) não é um filme comum! Seja pelo elenco brilhante, pelos diálogos muito bem escritos ou pelo fato de que temos um cachorro que conversa com o protagonista.

O fato de Hal se assumir gay é apenas mais um elemento na história; uma característica até então desconhecida para seu filho. O efeito seria o mesmo se, digamos, Hal tivesse uma amante e decidisse morar com ela após ficar viúvo. O filme não trata a condição sexual de Hal como tema principal. Mais importante é mostrar como a nova alegria de viver de Hal - incluindo um namorado mais novo e muito amoroso - afeta a vida do próprio Oliver.



Relembrando os momentos compartilhados com o pai doente - e também memórias de infância, com a mãe de humor peculiar -, Oliver tenta lidar com o fato de que, aos 38 anos, está se descobrindo apaixonado de novo pela bela Anna. É possível aos 38 anos ainda se apaixonar de forma completamente aberta? Vale a pena encarar o fato de que somos sempre iniciantes (como diz o título original) no amor, ou é melhor usar todas as decepções passadas como armadura?

Otimista e esperançoso como é, Toda Forma de Amor aposta na primeira opção. Não há um pingo de cinismo no filme - o que é um oásis em meio a tanta comédia romântica malfeita que existe por aí. O protagonista não precisa de um antagonista (sinceramente, em quantas situações na vida real existe um "vilão" para atrapalhar o romance nosso de cada dia?); os problemas estão dentro de nós. O trio principal de Toda Forma de Amor quer somente as coisas mais simples: ser feliz. Ter momentos bobos/divertidos/hilários, como todo casal inteligente. E o filme de Mike Mills está cheio de momentos assim. É pequeno na apresentação, mas tem um coração gigantesco, absurdo de pulsante.

E eu falei do cachorro que conversa com Oliver?

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