sexta-feira, 19 de março de 2010

Ilha do Medo (Shutter Island)



Lembro que quando vi Os Infiltrados (e depois escrevi sobre ele, no meu blog antigo), pensei: "Caramba, que privilégio é poder ver um filme novo do Martin Scorsese. Taí um cara que realmente só pode ser chamado de gênio. Ele ama cinema, entende de cinema, e faz seus filmes pensando na tela grande". Tudo isso voltou à minha mente enquanto assistia Ilha do Medo. Com cinco minutos de filme, Scorsese já proporciona uma imagem daquelas de fazer qualquer cinéfilo rir de orelha a orelha, enchendo a tela de ponta a ponta, aproveitando todo o glorioso widescreen (a cena em questão é a chegada da barca à ilha).

E como sempre, Scorsese está rodeado de uma equipe à altura. Fotografia, edição, figurinos, tudo é brilhante. A trilha sonora merece um capítulo à parte: grandiosa, tensa, assustadora, remete aos clássicos de terror e suspense dos anos 40 e 50. Perfeita para o clima paranóico da história.




Por falar em história, ela não é das mais originais. Nem pretende ser. Mas acaba levando a uma conclusão brilhante, impecável (e bastante deprimente). As surpresas e reviravoltas da trama não são tratadas de forma "espertinha", daquele tipo que seu amigo mala diz, "Eu já sabia!". Tudo sempre esteve lá, escondido.

Leonardo DiCaprio continua sendo o melhor parceiro que Scorsese poderia pedir, e o elenco secundário é um primor. Mark Ruffalo parece ter sido teletransportado de um film noir clássico; Emily Mortimer, em uma cena, destrói; Patricia Clarkson é aquela coisa brilhante de todo o sempre; e Michelle Williams está exuberante como a falecida mulher do protagonista - o clímax é poderoso e inesquecível.

Fico por entender quando leio críticos dizendo que Ilha do Medo é um "Scorsese menor". É preconceito contra o suspense, o terror? Pra mim, é filme com lugar garantido entre os melhores do ano.

4 comentários:

Lorena Borges disse...

Não poderia concordar mais e não vejo como poderia ser um 'Scorsese Menor'. Seria pela história? Realmente, o enredo não é dos mais originais nem imprevisíveis, mas achei que isso importou tão pouco. Não importa a história em si e sim o que Scorsese faz com ela. E, pensando muito no filme logo após sair dele (e ainda quero ver de novo), não acho que as coisas estavam 'escondidas' não. Pelo contrário. Acredito que desde o primeiro minuto de projeção Scorsese já vai dando as peças do quebra-cabeça pra gente montar. Tá tudo ali, super explicadinho, desde o início. Enfim, escrevi demais! Mas é que foi uma grata surpresa para mim, que fui ver o filme sem muitas expectativas!

=)

Adriano crowbar disse...

Quando eu disse que tudo estava "escondido", quis dizer apenas que as coisas não estavam às claras, jogadas na sua cara. Mas tudo sempre esteve lá. Ou seja, nós temos a mesma opinião!

Lorena Borges disse...

Sim! Porque ao contrário de filmes que tentam esconder as coisas pro público ter "aquela" surpresa no final, esse já deixa tudo lá desde o início, mas nunca de forma didática (até o final, né?). Mesmo porque acho que depois de Sexto Sentido essa fórmula não funciona mais e só serve pra fazer o filme perder pontos!

Lorena Borges disse...

PS: AMO o desconforto aparente do Mark Ruffalo! Durante todo o filme ele parece estar fora de lugar!